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4 de ago. de 2011

Expectativas O2 - O Poeta e a Cega / Parte O3


- O chá estava ótimo. - Disse Peter para quebrar o silencio que tomara conta da pequena cozinha. Ele parou e observou o lugar... As paredes brancas, os pratos, xícaras e outras coisas de porcelana lembravam o século XVI. Algumas rosas haviam sido colidas e estavam dentro de um vaso com agua sobre a mesa. A casa tinha cheiro de alecrim, laranja e rosas. Era acolhedor.
Anna estava sentada com a mão direita apoiando o queixo. Suspirou. Devia estar cansada daquilo. Cansada de não ver o tal espetáculo do mundo que ela tanto imaginava. Peter afastou a cadeira lentamente na tentativa de não deixar Anna escutar que ele estava saindo, mais assim que jogou o peso pra sua perna esquerda o assoalho vez um rec que a despertou de qualquer coisa que estava pensando.
Ele imaginou que ela perguntaria onde ele iria, mais para sua surpresa não foi isso que ela disse:
- Vou me deitar. - Ele pensou em pedir pra ela ficar mais pensou "E se ela estiver cansada de ficar aqui comigo?" Então ficou calado. Ela se subiu as escadas e sumiu de vista.
Uma certa curiosidade sobre o jardim surgiu em Peter. Seguiu até o final da cozinha onde havia uma porta branca com a maçaneta suja de barro. Ele a abriu e se espantou com o jardim. Dá ultima vez que ele estivera ali o jardim não era muito grande, pra ser sincero não era nada grande. Tinha um pequeno roseiral vermelho e  pequenos pés de alecrim que nunca cresciam. Agora o jardim estava grande. O roseiral havia ganhado um tom mais forte de vermelho e o cheiro era incrivel. Havia também uma parte somente para alecrins e um pé de laranja que dava uma sombra maravilhosa... Ele notou que debaixo do pé de laranja havia uma toalha estendida no chão, provavelmente Anna deveria passar um tempo ali; ele pensou e continuou andando pelo jardim.
Mais e mais rosas só que não somente vermelhas, tinha também rosas, laranjas, brancas. Ele estava pasmo, encantado, surpreendido, tanto que nem percebeu que Anna estava ali, debaixo do pé de laranja. "Linda"  Ele pensou. Tentou espantar o pensamento, mais ele insistia "Como ela é linda." Sentiu seu coração bater mais forte quando o vento soprou com mais força e desfez a trança de seus cabelos. Ele sorriu, mais não o suficiente pra ela escutar. Sentiu o cheiro das rosas e teve a sensação de que aquele cheiro pertencia a Anna e a ninguém mais.
- Não vi você. - Ele disse. Ela tirou algumas mechas do seu cabelo que o vento tinha levado para seu rosto e deixou atrás da orelha e sorriu.
- Eu imaginei que você estaria aqui.
- É incrível o que você fez com esse lugar. Parece magia.
- Minha mãe me ajudou bastante... Eu amo esse lugar, conheço cada detalhe. É como... É como se eu pudesse enxergar aqui. - Peter sempre sabia tinha o que falar, mais nunca conseguia, por isso ele escrevia. E naquele momento ele queria escrever. Anna o inspirava. Ela carregava tanta mágica em si, tinha tanto pra contar. Ele pediu para que ela o esperasse ali. Entrou rápido e pegou sua pequena agenda. Cheio de idéias, sonhos, historias... Cheio de vida. A segurou pela mão e a levou até a toalha estendida debaixo do pé de laranja.
Ele espirou fundo; como um garoto que espera para ouvir as aventuras que seu avó já viveu. Eles se sentaram e ela o olhava, como se realmente pudesse enxergar. Como se pudesse ver a euforia de Peter e riu outra vez. Sempre que ela sorria os pensamentos dele fugiam, deixavam de pertencer a ele. Então ele engolia tudo aquilo, tanto que sentia seu peito arder.
Peter limpou sua garganta sabendo que se não fizesse sua voz sairia tremula.
- Então? Qual foi a sua idéia? - Ela perguntou.
- Hum... Escrever sobre você. - Ele respondeu cheio de entusiasmo. Anna ficou seria de repente e ele soube que ela iria reclamar.
- SOBRE MIM? Você está brincando comigo? O que você pode escrever sobre mim? "Era uma vez uma menina... Daí ela ficou cega e viveu infeliz para sempre" muito mais muito engraç...
- Tudo bem. - Ele disse colocando a mão sobre a boca dela. Ela se calou e ele continuou. - Vamos falar sobre historias, já ouviu a historia sobre a Iara? Uma sereia que enfeitiçava os homens com o seu canto para os levar para o fundo do mar? - Anna foi abaixando os ombros e voltou a expressão serena do seu rosto. Ela balançou a cabeça querendo dizer não e ele a contou tudo. Não só sobre Iara, mais também sobre Dragões e vampiros, contou sobre batalha de anjos e demônios e Anna estava muito concentrada. Ria, fazia perguntas, que muitas vezes Peter nem sabia responder. Mais não deixava o interesse de lado.
Depois de um tempo Anna adormeceu, ela parecia tão calma, tão serena. Ele se levantou devagar e foi até o quarto. Pensou que deveria dizer a sua tia Judite que Anna estava dormindo lá fora, para que ela não ficasse preocupada, ao chegar no quarto Judite estava caída no chão...
Continua...