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27 de mar. de 2012

O Natural das Coisas / O Poeta e a Cega - Parte 24


Frio, estava absolutamente frio. Anna puchava o edredon, mas parecia estar sem, se revirava na cama e ainda sim estava frio.
Ela se levantou de uma vez e se sentiu meio tonta. Procurou por Milla, mas ela não estava no berço.
- Por Deus, como está frio. - Ela reclamava em voz alta. Passou em frente a janela do seu quarto e voltou. Estava nevando, era a primeira vez que ela via neve. Era lindo, era tão magico.
Não sabia se tinha roupa de frio, mas checou o guarda-roupa e pegou uma calça, uma bota e uma jaqueta bem quente, até se sentia pensada.
Descendo as escadas sentiu um cheiro maRavilhoso de chocolate quente, só percebeu que estava com fome quando sentiu seu estomago fazendo barulho.
- Que cheiro bom. Eu já vou dizendo que eu quero um copo grande de chocolate quen... - Quando Anna chegou na sala se deparou com um "comitê de recepção" Mathew estava nervoso olhando pra pessoa do lado que era Peter que segurava Milla que olhava para Victor. Ela quase voltou correndo para o quarto, mas estava com muita fome.
- Olá a todos. Pai, a Milla já comeu?
- Sim, filha. - Ele disse sem tirar os olhos de Milla.
- Anna... Por favor - Disse Peter se levantando com Milla no colo. - Precisamos conversar.
- Peter... Por favor, não me faça perder a fome. - Disse ela se virando. - Ah, e me de ela aqui. - Pegou Milla do colo de Peter que ficou sem reação.
- Não seja criança, Anna. Precisamos resolver essa situação, eu... - Ele respirou fundo e tocou a mão de Anna que congelou logo em seguida. Não era o frio do tempo, era o frio de dentro dela, o frio que trazia o medo e até certa magoa de volta. Que trazia de volta o que ela sentia por Peter, só que com um cheiro diferente. Não havia mais rosas ou alecrins... O cheiro que ela sentia agora, era um cheiro mais forte, mas que não a deixava tão tonta, era o cheiro da realidade. - Quero ser um pai presente. Quero dar o que for preciso para Milla, para... Você. Me desculpe por ontém... Olha, eu agi sem pensar. - Anna riu com sarcasmo:
- E quando você agiu pensando? Faça-me o favor, Peter.
- Meu Deus, Anna. O que eu te fiz que te deixou com tanta magoa de mim? - É verdade. O que ele havia feito que havia a deixado tão chateada? Só a briga de ontém. Fora isso não havia outro motivo solido, só o fato de que ignorando Peter ela não magoaria Mathew, e que talvez era isso que ela pretendia, alias, foi Mathew que a ajudou durante todo esse tempo. Mas estava errada em impedir Peter de assumir Milla como sua filha.
- Está certo. - Ela respirou fundo, já se arrependendo do que acabara de começar a fazer - Me desculpe, você pode visitar Milla quando quiser, mas eu não preciso de nada. Muito menos Milla.
- Tudo bem, isso me basta.
- Que bom então. Agora eu vou comer alguma coisa. -Ela disse dando as costas para Peter.
- Antes disso... - Ele falou e Anna se virou novamente.
Peter tirou do bolso do casaco uma rosa e entregou para Anna: "Que jogo sujo" ela pensou. E já não teve controle do seu corpo. Estava soando o nariz como antigamente e batendo freneticamente os pés. Ao berceber isso Peter riu e estendeu os braços para pegar Milla que devolveu o sorrriso para o pai.
Peter se aproximou de Anna que não teve o que fazer, tentou andar para traz mas estava encostada na pia, sentiu tanto medo, fechou os olhos com tanta força, e então de repente acabou, ele dera um beijo em seu rosto e saiu. Anna passou os dedos sobre seu rosto, onde estava úmido e sorriu, e ao se virar Mathew a observava, triste, como se tivesse acabado de ver a pior cena do mundo e saiu. Ela não foi atraz dele, sabia que não adiantaria, e sentiu uma enorme dor em seu coração.

Continua...