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17 de ago. de 2011

Falsos laços sentimentais / O Poeta e a Cega - Parte O9



Anna pensou em se levantar, mais se sentia muito mal. Estava fraca e meio tonta e podia sentir seu corpo ficando gelado.
- Anna o que está acontecendo? O que você comeu? - Perguntou Peter enquanto tirava os cabelos de Anna do rosto dela e os prendia na nuca. Ele pegava um pouco de agua e molhava a testa dela para limpar o suor que se acumulava rapidamente.
- Eu... Eu comi todo o bolo que você fez com calda de chocolate. Não me sinto bem. - Ela respondeu com a voz fraca, quase não dava pra ouvir.
- Você comeu todo bolo?
- Hã... Sim.
- Então é por isso que você esta passando mal. Venha... Saia dessa agua, ela já está fria. A quanto tempo você está ai? - Ele foi a questionando enquanto pegou uma toalha no armário do banheiro, a secou e a levou para cama.
Anna soltava alguns gemidos de dor e apertava sua barriga. Podia notar o quanto ela estava se sentindo mal. O contorno na sua boca estava ficando branco e ela soava frio sem parar.
- Peter... Eu... Ai! - Ela tentava falar em meio as pontadas que sentia na barriga. - Eu acho que...
- Psiu. Fique quieta! Tome, peguei uma roupa para você. - Ele a vestiu com cuidado, preparou um chá e logo ela dormiu. Peter não saiu nem por um minuto do lado de Anna. Ela parecia tão frágil... Tão fraca.
Quando ele observava Anna sempre sentia vontade de desistir de Los Angeles. "Ela nunca aceitaria" Ele pensou. "Se eu ficasse... Ela não aceitaria o fato e muito menos a mim." "E o que fazer quanto se deve escolher entre o seu amor e o seu sonho?" "Eu escolhi o meu amor e ele insiste para que eu vá sonhar..." "Eu jamais vou entender."
Ele pensou... Pensou tanto que sentiu a cabeça doer. Não queria ir para Los Angeles e era isso que ele faria. Não podia simplesmente deixar Anna ali. Ela não conseguiria se cuidar, e as pessoas eram muito más para ele confiar em alguém para cuidar de Anna enquanto ele estivesse fora. Mentiria para ela se fosse preciso. Ficaria fora por dois ou três dias e diria que ele poderia mandar seu trabalho por correio. A idéia era ótima, ele continuaria  planejando antes de dormir... Porque parecia que as idéias surgiam com mais facilidade.
- Peter... - Anna o chamou.
- Anna! Eu estou aqui. - Ele disse a segurando pela mão.
- Eu estou com fome. - Ele riu se sentindo aliviado por ela não estar mais se sentindo mal.
- Ok. Vou preparar algo para você comer, não saia da cama.
- Ok. Eu quero macarrão.
- Macarrão?
- Sim. Com muito molho.
- Você não gosta de muito molho.
- Mais eu quero muito molho.
- Tudo bem, volto já. - Peter foi para o segundo andar da casa e pegou os ingredientes para fazer o macarrão. A agua já estava fervendo e ele foi preparando tudo com muito carinho.
- O que falta? hã... Ah sim! O tempero. - Ele estava indo pegar o tempero quando alguém bateu na porta. Ele achou aquilo estranho. Ninguém ia ali, a não ser que fosse convidado ou algo assim. Esperou um pouco e bateram outra vez.
Ele não soube porque mais sentiu seu coração martelar, como se estivesse quase parando.
- Peter quem é? - Anna gritou do quarto de cima. Assim que ele abriu a porta ficou paralisado. Um homem que estava muito bem vestido. Com roupas finas e um sobretudo preto. Ele usava um chapéu que combinava com a cor da roupa e sorriu ao ver Peter.
- Olá Peter. Como você cresceu. - Disse o homem. Peter arqueou as sombrancelhas.
- Quem é você?
- Não se lembra de mim? - O sorriso do homem aumentou ainda mais. - Sou eu, Victor... O... O pai de Anna. - O silencio tomou conta do lugar. E Victor mantinha seu sorriso vivo e ardente. Peter não entendia o motivo dele estar ali. Ou então não queria entender.
- Não vai me convidar para entrar? - Perguntou Victor.
- Sim... Claro, en... Entre. - Victor entrou e observou a casa com cautela. E disse:
- Onde Anna está?
- O que você veio fazer aqui? Soube que a tia Judite morreu?
- Eu sei de tudo Peter. E se quer mesmo saber o que vim fazer aqui, vou te dizer... Vim buscar Anna, ela vai embora comigo para a Europa.
- Não, ela não vai.
- E quem é você para dizer o que ela vai e o que ela não vai fazer. - Peter ficou calado. E se fez a mesma pergunta, "Quem era ele para dizer o que Anna faria ou não?" Aquilo doeu. Tão profundamente que ficou sem reação.
Anna estava parada no primeiro andar e procurava o corrimão com a mão direita.
- O que está acontecendo? - Perguntou.
- Meu amor... Sou eu, seu pai.
- Pai? - Anna estava sem reação. Descia lentamente a escada e ao chegar onde seu pai estava ele a abraçou, Anna ficou tonta e então desmaiou.

Continua...