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30 de ago. de 2011

Aprenda a respirar O2 / O Poeta e a Cega - Parte 12



- Isso é... - Ela iria dizer impossível, se realmente fosse. Se lembrou de tudo que acontecera com Peter... Aquele dia. Suas lembranças voltaram átona. A deixaram tão tonta que foi preciso beber agua.
- Isso é possível. - Foi o que ela disse. Meio chateada, meio assustada.
- Como?
- Antes de vir para a Europa eu tive um caso com... Com alguém, sabe. - A palavra alguém ficou martelando na cabeça dela. Desde quando Peter havia se tornado tão insignificante ao ponto de se tornar simplesmente "Alguém." - Eu não sabia que... Eu não esperava por isso. - Ela quis chorar. Mais se conteve.
- Você tem uma saída.
- Qual?
- Você pode... Tirar o bebê.- A cena do bebê sendo tirado do seu corpo antes de si quer ter se formado. Antes de ter mãozinhas, pezinhos, antes de si quer ter um coração a deixou terrivelmente assustada. Jamais, ela pensou.
- Não. Nunca farei isso. Seja o que for. É o meu filho, Mathew. Eu jamais faria isso com ele. - Mathew havia começado a soar. Estava nervoso, muito nervoso. Como explicariam tudo aquilo para Victor?
- Calma. Eu resolvo com o meu pai.
- Anna... Você não entende. Esse bebê vai complicar tudo. Pode ser que estrague tudo. - Anna sorriu sacarticamente.
- Então que se complique tudo e que estrague tudo. Porque veja só que engraçado... Não faz nem 10 minutos que eu descobri que eu estou grávida e já estou apaixonada pelo meu filho.
- É filha. - Anna sorriu. Depois gargalhou. - Filha? - Ela repetiu e colocou a mão sobre sua barriga. Sentiu que não conseguiria conter o choro e então chorou. Mais suas lágrimas nunca haviam caido por motivos bons. E aquilo trouxe a ela uma sensação de paz tremenda.
- Vamos para casa. - Ela disse. - Temos muito o que contar. - Mathew engoliu a seco e deu sinal para o motorista seguir em frente.
Quando chegaram em casa Anna procurou Victor mais não o encontrou. Perguntou para Marrie e soube que ele logo voltaria. Então decidiu tomar um banho. Pediu ajuda a Marrie que preparou tudo e logo Victor havia chegado para jantar. O sorriso de Anna ainda estava marcado em seu rosto. Aquilo até assustava Victor.
- O que houve? - Ele perguntou forçando um riso.
- Pai... Preciso que preste bastante atenção no que eu vou te contar. - Victor se ajeitou na cadeira e disse:
- Então conte.
- Se lembra de Peter? - Ela sabia que sim. Então não esperou que seu pai respondesse. - Antes de você voltar nós tivemos um caso. E agora... Digo... Hoje quando eu fui buscar os meus exames eu descobri que estou gravida.
- O que? - Victor se levantou de uma vez. Fazendo um som terrivel. Anna se assustou com o barulho, e com a reação do pai.
- Não pensei que você fosse reagir assim.
- Como não Anna? Por Deus. Diga que isso é uma brincadeira! Como pode me contar isso com tanta tranquilidade? - Victor estava indignado. Os empregados haviam saido de perto e somente Mathew estava na sala de jantar.
- Não é uma brincadeira. - Disse Anna entre dentes. - Eu estou grávida e você querendo ou não vai ser avô de uma linda menininha.
- Anna você não pode ser vista como mãe solteira e cega pela sociedade. Vamos ter que fazer um casamento arranjado... E rapido.
- Um casamento arranjado? - Perguntou Anna sendo cínica.
- Sim. Ser mãe solteira é vergonhoso, Anna.
- E ter um casamento arranjado não?
- Ninguém irá saber que é arranjado. Só precisa durar até a criança nascer. Eu te suplico. - Anna sentiu-se mal por ter deixado seu pai tão exaltado. A alguns dias atrás ouviu seus empregados comentando que Victor estivera muito doente. Que sua imunidade estava baixa e que poderia ter uma recaída. Não queria o prejudicar. Então concordou.
- Eu conheço um ótimo rapaz. Você irá gostar dele.
- Já que é um casamento arranjado, eu quero me casar com Mathew. - Disse Anna.
- Com Mathew? - Perguntou Victor.
- Comigo? - Perguntou Mathew engasgando.
- Sim. Não quero me casar com alguém que eu não conheço.
- Mais nós mal nos conhecemos.
- Se lembra do que você me disse quando eu cheguei aqui? Então... Eu mal te conheço... Mais gosto de você. - Ele sorriu. Victor suspirou e assentiu.
- Tudo bem. Mathew é um medico prestigiado. Formado e muito bom. Concordo com o casamento. Amanhã eu anunciarei.
- Já? Tão rápido.
- Se esperarmos mais... Nós só poderemos viajar para fazer sua operação depois que a criança nascer. O casamento vai ser muito bem arranjado. E vocês... Tratem de fingir bem. - E as coisas foram acontecendo. A noticia que foi espalhada fora que Anna e Mathew se conheceram no jantar no dia em que Anna chegou. Mathew achara Anna encantadora e que Anna ficara sobe os encantos de Mathew. Literalmente o conto de fadas que a sociedade queria ouvir.
Acharam lindo o fato de que Mathew iria pedir uma cega em casamento e por fim terem um bebê. Não ligaram muito por tudo ter acontecido tão rápido. Anna e Mathew se divertiam muito encenando tudo aquilo.
E no final de cada noite eles riam e brincavam com os fatos.
Acontece que nem sempre as coisas conseguem ser de brincadeira por muito tempo. No ultimo jantar cerimonial. Antes do casamento, na hora do beijo aconteceu algo além da brincadeira. Havia sido real. E aquilo havia mexido com os dois.
Não conversaram muito no dia do casamento. E a encenação foi muito mal ensaiada. O beijo foi sem graça e tiveram uma rápida viagem para uma cidade ao lado na suposição de uma lua de mel.
- Enfim... Marido e Mulher. - Ela sorriu e ele só percebeu que estava se apaixonando quando seu coração se acelerou ao vê-la ali linda como sempre e sendo sua esposa.
Ele se aproximou dela e a segurou pela cintura.
- Anna... Preciso te dizer uma coisa. - Ela sabia o que ele iria dizer, só não tinha certeza se queria ouvir. Então o puxou e o beijou. Sabia que o assunto morreria ali e quando voltasse a vida tentaria se desfazer outra vez.
Passaram o dia numa casa de praia e se encontraram com Victor no dia seguinte para irem de viagem ao Brasil a operação de Anna.

Continua...

Aprenda a respirar O1 / O Poeta e a Cega - Parte 11



Foram três dias de viagem. Anna se sentia fraca e desde ontém não conseguia se alimentar bem. Anna e Victor só conversarão o necessário. Mais não era isso que ele queria. Ele havia contratado um medico particular para cuidar de sua filha e acompanha-la aonde quer que ela fosse. Contratou um motorista e cozinheiros. Não queria que nada lhe faltasse. Ter a deixado quando ela mais precisou foi um dos seus piores erros. Ele se condenava por isso. Mais a vida o havia lhe ensinado a ser frio e guardar os seus sentimentos. A ser cauculista e acreditar que o dinheiro compraria vidas.
Faltando pouco tempo para chegarem em casa ele sorriu e disse.
- Fico feliz que você tenha vindo comigo.
- Não fique tão feliz assim... Voltei pelo bem de Peter. - Meio chateado ele concordou.
- Do que você vai sentir falta? - "Peter" ela pensou. Mais não foi o que ela disse.
- Do meu jardim. Vou sentir falta do cheiro das rosas... Do doce das laranjas e do alecrim. - Ela sorriu e a nostalgia a deixou meio tonta.
- Anna... - Ele foi falando baixo. - Espero que você não se sinta ofendida... Mas contratei um medico para ajudar na recuperação da sua visão.
- Como? Todos os medicos da minha cidade já tentaram me ajudar. - Ela tentou sorrir sem muito sucesso. - E como se pode ver... Não conseguiram. - Victor estava chateado. As palavras de Anna vinham como um agua fria. "Ela nunca entenderia."  Ele pensou. Também pensou em desistir de tentou a faze-la feliz, mais continuou.
- Por favor Anna. Nós iremos morar juntos. Preciso que você confie em mim. Me dê uma segunda chance.
- Eu não me lembro de ter lhe dado a primeira.- Respondeu Anna com toda frieza possível.
- Anna... Entendo todo o rancor que você sente por mim. Mais aceite que eu sou seu pai. Vamos morar por um tempo indeterminado juntos. Preciso que você confie em mim. Me dê uma unica chance... Para lhe provar que não te quero mal. Uma chance Anna... Não estou lhe pedindo demais. Quero lhe ajudar, lhe fazer feliz. Lhe dar o tempo que eu te fiz perder. Eu quero fazer o que for preciso para lhe trazer de volta a visão. Nem que tenhamos que ir para o Brasil. Entenda... Eu amo você.
- Me... Me ama?
- Com todas as minhas forças... Anna. Eu sinto muitissimo por ter lhe deixado. Por favor... Aceite os meus cuidados? - Ela não sabia se o que ele estava falando era verdade. Não sabia o que ele queria e muito menos as suas intenções. Mais ele havia pedido uma chance e mesmo que parecesse bobo da parte dela dar uma chance a ele, mesmo que depois ela fosse se culpar caso algo acontecesse. Ela lhe deu uma chance. E o pacto de paz foi selado com um beijo na testa.
Haviam chegado em casa. Anna procurou Rain pelo carro mais ela estava nos braços de seu pai. "Pai... Pai.. Victor. Vic. Hum... Pai é melhor." Ela pensou no melhor para o chamar. Foram recebidos pelos empregados que estavam divididos em duas fileiras, mulheres do lado direito e homem do lado esquerdo. Victor fez as apresentações. Anna não conseguiu gravar o nome de todos, mais logo o medico estava do seu lado descrevendo o que acontecia em sua volta. Ele também descreveu a casa e o andar de cima no qual encontrava seu quarto.
- Seu quarto... Ele foi pintado de branco para representar sua pureza.
- Acredite... Eu não sou pura.
- A pureza não está no corpo, Senhorita Anna. E sim no coração.
- E o que te leva a acreditar que o meu coração é puro?
- É como gostar de alguém que você não conhece, ou mal conhece. Eu não sei... Eu só... Sinto. - Anna ficou paralisada com a resposta. Havia sido tão ágil. Até parecia as respostas de... Peter. Ela o deixava escapar por entre os seus pensamentos. Queria evitar, mais ainda não sabia como.
Ouviu alguém bater na porta. Era uma das empregadas, seu nome era Marrie , na verdade Marrie era quase uma governanta. Ela anunciou que Victor esperava Anna para um jantar. O jantar havia sido anunciado também a alta sociedade para conhecerem Anna.
Marrie preparou o banho de Anna com óleo perfumado e hidratantes. Lhe penteou o cabelo, secou e escolheu sua roupa.
No jantar todos ofereceram ajuda a Anna. Caso ela precisasse. Os jovens rapazes haviam ficado fascinados em Anna, a acharam linda, radiante. Anna tentou fazer parte daquela sociedade desprezível e ignorante, mais caso seu pai perguntasse "Havia sido um ótimo jantar."
Os tempos foram passando. E as visitas aos oftalmologistas eram constantes. "Há Chances." Ela os ouvia dizer e sentia medo de se empolgar demais. Se passaram um mês... Dois meses. Teria que ir pra fora do país para fazer a operação. Antes disso teria que ir ao medico. Fazer exames. E foi o que fez.
No dia de ir buscar os exames o seu medico que agora intimos conversavam melhor. O medico desceu do carro e foi até o balcão buscar os exames de Anna.
Esperou para abrir ao entrar no carro. Foi dizendo:
- Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem. - Até que ele ficou em silencio. E aquilo a preocupou muito.
- Por Deus Mathew. O que tem ai? Eu vou morrer?
- Anna você...
- Eu?
- Você está gravida.
- O que?


Continua...