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6 de set. de 2011

Engano seu. / O Poeta e a Cega - Parte 15



Era de se esperar toda aquela motivação de Anna. Ela estudava o tempo todo. Parecia nunca perder a empolgação. Para ela o mais dificil de se aprender foi equilibrar-se encima do salto alto.
Passara duas horas todos os dias com sua professora. Três livros na cabeça e com sapatos de salto de dez centímetros... Para variar.
Quando tirava os sapatos se sentia nas nuvens, não era preciso muito. Apenas descansar os pés na agua quente. Não tinha mais tanto tempo livre. Alguns domingos, talvez. Mais nada como antes. O professor de matematica era um velho quase careca, que vezes ou outra não tinha certeza das contas que passava e dormia se deixasse ele sentado mais de cinco minutos sem dizer nada para ele.
Anna ria sozinha e resolvia as contas e deixava do lado dele. Não dizia nada, saia de fininho. Seu pai havia contratado uma nutricionista para cuidar de Anna e da sua filha, que não faltava muito tempo para chegar. Os tempos passavam rapidamente e era incrivel como a barriga dela crescia rápido.
As aulas de português e literatura eram as preferidas de Anna. Ainda mais quando o professor levava poemas para que ela treinasse sua leitura.
Ela se aconchegava no sofá e se pudesse, não sairia dali enquanto não estivesse lendo e escrevendo muito bem. Com toda essa dedicação fora de se esperar a aprendizagem rápida de Anna. Ela conseguia escrever muito bem, lia maravilhosamente. E recitava poemas com toda a performance possível. Mathew assistia de perto. Ria, se divertia. E as vezes Anna pedia para que ele a ajudasse em algumas falas de poemas. As romanticas eram as melhores. Ele podia se aproximar de Anna. Sabia que estava conseguindo um espaço grande no coração dela. Com todo cuidado que ele tinha com ela, com toda calma.
Mesmo que estivesse demorando para que Anna esquecesse Peter de uma vez, ele esperaria. Valeria apena.
Numa segunda-feira depois que Anna havia chegado de uma pequena caminhada, resolveu pegar as cartas que haviam chegado.
Algumas contas, cartão de credito, informações e... Um convite;
"Caros Victor W. Moore e Anna Moore Green..." - Ela se arrepiou com o começo do convite. Havia se esquecido que o nome havia mudado depois do casamento.
"Vocês foram convidados para a Publicação do livro O Poeta e a Cega de Peter Wright no dia 21 (Vinte e um) de Agosto de 2002 (Dois mil e dois). Em Liverpool - Inglaterra no Castle Street; as 06:00 pm (Seis horas).
Esperamos pela presença de vocês.
Atenciosamente.
Editora Other Papers."
"Ele sabe." Ela pensou. "Ele sabe que eu estou casada, meu Deus. Será que sabe que ele vai ser pai? Será que sabe que voltei a enxergar?"
"Com certeza ele sabe que eu me casei." "Mais não deve saber os motivos." A idéia a deixou triste. Não teve animo para estudar e dispensou os professores que teria  hoje e convidou Mathew para sair. Ela precisava conversar com alguém.
Foram ao shopping, foram ao um restaurante. Anna comeu muito. Fugiu da dieta, fez Mathew prometer sob tortura que não contaria para a nutricionista.
- O que houve? - Ele perguntou enquanto ficava a observando comer. Parecia que haviam amarrado ela numa arvore e só a soltaram três dias depois.
- Eu... Eu encontrei um convite para a puplicação do livro de Peter no Castle Street. Ano que vem. - Peter não gostou nada que Anna tivesse encontrado esse convite. Sentiu um certo ciúme mais se manteve.
- Anna... Você quer ir? - Ele perguntou com calma.
- Sim... Não... Si... Eu não sei! Ta legal? Eu sempre quis que ele conseguisse tudo isso, sabe? Ser escritor, um poeta. Desde pequeno ele sempre amava poemas. Eu fico feliz por ele. Mais e se ele estiver com outra mulher? E se ele não entender o nosso casamento? - Ela não havia medido as palavras até ver a cara de Mathew. Ele estava bastante chateado.
- Mathew eu... - Ela tentou se desculpar.
- Anna isso é mesmo tudo uma brincadeira para você?
- Mathew eu não quis dizer isso. Eu tenho um carinho muito grande por você. Me desculpe, eu não queria ter...
- Olha só Anna. Eu aceitei fazer isso tudo por você. A algum tempo eu me apaixonei por você e o pior de tudo é que você sabe.
- Você sabe que eu ainda amo o Peter.
- Então me deixa te fazer esquecer ele. - Nessa altura eles estavam andando no shopping e Mathew a segurou pelo braço.
- Eu já tentei esquecer, Mathew. Vai por mim. Mais quem quer isso é a minha cabeça e não meu coração.
- Eu estou aqui, Anna. Nós estamos. É por você tudo que eu faço. Me deixa pelo menos tentar te fazer esquecer ele. - Anna ficou calada. Afinal de contas não tinha muito o que falar.
Ele se aproximou dela e ela permitiu. Ele a tocou no rosto e ela fechou os olhos. E um beijo...Verdadeiro aconteceu.

Continua...