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13 de out. de 2011

Anjo / O Poeta e a Cega - Parte 18



Já eram quase três da tarde e Anna ainda estava deitada. Estava meio chateada por ninguém tê-la procurado, mais isso também não a tirava da cama.
Ela havia terminado o terceiro livro daquela semana.
-Final feliz... Sei. Pura ilusão. Pura tendência. -Arfou. Decidiu que ficar ali deitada só a deixaria mais nervosa. Sua filha a chutava e Anna quase não aguentava algumas vezes.
Se sentou na sacada do hotel com o laptop de Mathew e começou a fazer algumas pesquisar bobas. Decidiu procurar por livros novos em algum site interessante. Acabou dando de cara com uma propaganda ótima.
"Será o amor mais puro aquele que não enxerga?"
Aquilo tomou sua atenção, então ela continuou.
"Quando se deve escolher entre seu amor e o seu sonho. Quando a sua escolha já foi tomada, mais o seu amor  decide que não pode ser assim.
O que fazer? Ir atrás do seu sonho e deixar seu amor, ou ir atrás de seu amor e abdicar do seu sonho?"
Sentiu seu coração rasgar. Quis parar de ler naquele exato momento, mais desceu a pagina e acabou lendo o que não queria.
"O Poeta e a Cega de Peter Wright."
- Droga! - Ela xingou. - Será possível que isso não vai acabar? Sempre que eu tento esquecer... Eu acabo me lembrando. - Afastou o laptop do colo e se levantou. Frustrada, nervosa e com fome. Procurou na gaveta do seu quarto o telefone de alguma comida chinesa mais não encontrou.
Mila chutava com força e Anna passava a mão com delicadeza tentando acalmar sua filha, mais nada a parava. Anna começou a soar e a ficar fria. Tentou ir se deitar, mais a cada passo que dava parecia que algo a rasgava por dentro.
Procurou o telefone com as mãos tremulas e tentou digitar o numero de seu pai, mais caiu na caixa de recados. Depois tentou Mathew, chamou, chamou e ninguém atendeu.
Sentiu seu corpo ficando mole. Sentia o chão indo e vindo. E antes de cair viu sangue no chão.
[...]
- Anna... Por favor, acorde. - Ela ouvia. Não conseguia abrir os olhos. Mais ainda podia ouvir as vozes.
- Fique comigo Anna.
- Anna.
- Por favor, mantenha a calma senhor. Precisamos que saiam agora. - E as vozes pararam. Mais agora ouvia respirações ofegantes. Ouvia alguns sussurros. Ouvia bipes. Até que ouviu um choro.
Aquele choro fez ela se arrepiar. Mesmo não conseguindo se mexer, podia sentir seu corpo todo arrepiado.  O choro continuava. E o bipe entrou em alerta. E então ele não acompanhava mais o sons do coração... Porque não havia nenhum som. Apenas o barulho dos medicos dizendo "Vamos! Temos que reaviva-la." "Não desista Anna. Fique conosco." Depois disso só havia escuridão.
Sentia um calor horrivel. E aquele lençol incomodava, aquele mormaço incomodava. Deus! O Brasil era tão quente.
Se virou de todos os lados. Tentou tirar o lençol, mais nada a deixava confortavel. Então decidiu acordar.
Os olhos estavam pesados. E o corpo meio dolorido, mais não havia mais barriga. Olhou para os lados e não encontrou ninguém. Arfou. Havia tempo que ela não se sentia tão entediada.
- Anna! Que bom te ver acordava. - Disse uma enfermeira.
- Quanto tempo eu dormi?
- Uns dois dias. - Ela sorriu. Tentou não ser inconveniente. E não desagradar, como acontecia com a maioria, quando um ou outro tentava demonstrar falsa preocupação.
"Talvez seja parte do trabalho dela, Anna. Não seja tão cauculista." Ela mesma pensou. Então sorriu de volta para mulher, que ajeitou seu travesseiro.
- Está com fome? - Ela perguntou.
- Sim. Muita.
- Ok. Vou pedir para que preparem um almoço caprichado para você e anunciarei ao seu pai e ao seu marido que você acordou.
- Obrigada. - Anna disse a mulher saiu.
Não demorou muito e Seu pai e Mathew estavam em seu quarto com sorrisos que iam de orelha a orelha. Não se importou muito. Queria mesmo era ver sua filha.
- Onde Mila está? - Anna perguntou.
- A enfermeira foi busca-la.
- Que dia eu recebo alta? - Os dois riram da pressa que ela tinha de sair dali.
- Hoje mesmo. - Disse Mathew.
Logo em seguida o almoço de Anna chegou. A comida era sem sal, muito bem cozida, porém... Sem sal. A fome era tanta, que por mais que Anna detestasse coisas do tipo "Mais ou menos" comeu tudo. E logo em seguida sua filha apareceu.
Mila estava enrolada em uma manta cor de rosa. Sua pele era branca e as bochechas perfeitamente rosadas. Tinha o cabelo preto e os olhos bem grandes e acinzentados.
Anna sentiu seu peito queimar, quase como se fosse explodir. Mais só chorou.

Continua...

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